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Afinal, o que é TERAPIA?


Pra começar, é importante entender que nem tudo o que se denomina como “terapia” é PSICOTERAPIA.

A palavra terapeuta vem do grego therapeutes, que significa “aquele que cuida, que atende”, que por sua vez tem origem na palavra therapon, que quer dizer “companheiro do guerreiro, que lhe serve de escudeiro” (gosto bastante desse significado). Já a palavra terapia vem do grego therapeía, que significa “o ato de curar ou restabelecer”, e atualmente se refere a qualquer método ou prática que tenha como objetivo uma melhora ou equilíbrio do estado de saúde de um indivíduo, entendendo saúde como um estado amplo de bem estar físico, mental e social, e não apenas como ausência de doença.

No entanto, quando alguém diz que está fazendo terapia, nós imediatamente associamos à psicoterapia porque é como passou a ser popularmente chamada, sendo essa associação feita inclusive em alguns dicionários atualmente, e o mesmo se aplica à palavra psicoterapeuta.

Psicoterapia é feita exclusivamente por Psicólogas(os), ou seja, toda(o) psicoterapeuta é profissional graduada(o) em Psicologia, com registro de classe ativo e regular. É nesse sentido que me refiro à terapia e terapeuta aqui.

Tendo isso esclarecido, vamos seguir em frente!

O que é terapia?

A terapia é um processo que acontece na relação entre terapeuta e uma ou mais pessoas que a buscam, e não tem um tempo de duração definido. Tem a finalidade de trabalhar questões emocionais e sofrimentos psicológicos, como conflitos, dificuldades de lidar com comportamentos, fases de transição, lutos, ansiedade, depressão, entre outras questões relacionadas à saúde mental. É também uma poderosa ferramenta de autoconhecimento.

Como funciona?

Ela acontece em encontros regulares, com duração e frequência estabelecidos entre a pessoa e a(o) terapeuta, que comumente são sessões de 50 minutos, 1 vez por semana. Na maioria das vezes, a pessoa vai até o consultório em que a(o) terapeuta atende, mas em alguns casos em que há impedimento de deslocamento físico da pessoa a ser atendida, também é possível que o atendimento seja domiciliar. Atualmente, há a possibilidade de atendimento online; essa modalidade ainda está sendo estudada e ocorre dentro de condições muito específicas estabelecidas pelo Conselho Federal de Psicologia.

Nesses encontros, são utilizadas abordagens e técnicas que variam de acordo com a linha teórica da(o) terapeuta (são várias, falarei mais sobre isso em outro momento), no sentido de melhor compreender e lidar com as questões abordadas.

Por que é diferente de falar com amigos?

A principal diferença é a escuta ativa da(o) profissional: uma “escuta” em um sentido amplo, que é ouvir além do que está sendo dito com palavras, e ao mesmo tempo fazendo intervenções que busquem trazer à tona o significado das diversas formas de expressão, inclusive do silêncio. Isso exige muito, muito preparo. A Psicologia é uma ciência e a(o) profissional que trabalha nessa área precisa constantemente buscar se atualizar teoricamente, além de se trabalhar na sua própria terapia e supervisões quando necessário.

A terapia é baseada em uma relação de confiança profunda e de confidencialidade, e por isso é também desenvolvido um laço de afeto. Essas características podem levar quem nunca fez terapia a achar que é a mesma coisa que falar com um amigo, mas quem já entrou em um processo terapêutico consegue distinguir bem uma coisa da outra. É como relações entre pais e filhos, entre amigos, entre namorados: em todas elas existe afeto, mas são qualitativamente diferentes entre si.

Vai ler minha mente?

Não. Poderia ser muito legal ter esse superpoder, mas psicólogas(os) são pessoas comuns como quaisquer outras e só vai ser trabalhado na terapia o que você trouxer.

E se eu for e não falar nada?

Você tem toda a liberdade de não falar nada durante a sua sessão, e muitas vezes isso acontece mesmo. Pode ser difícil começar a falar com alguém que você não conhece; pode ser que você queira alguém ao seu lado que sustente seu silêncio pra te ajudar a se escutar e processar algumas coisas dentro de si; pode ser uma série de coisas e, seja o que for, vai ser respeitado, acolhido e trabalhado naquele espaço.

Isso é diferente de não falar por não estar realmente “a fim” de estar ali, indo só “por obrigação”, ou pra “testar” a(o) terapeuta pra ver se consegue adivinhar o que você está pensando (já vimos no item acima que isso não funciona). Entenda: isso também vai ser respeitado e acolhido, só não vai ser muito útil pra você e não vai ser um uso tão proveitoso do seu tempo.

Entrar em um processo terapêutico é diferente de apenas frequentar a terapia. Com frequência começa assim, somente indo às sessões, sem abordar nada mais profundo, e a tendência é que, na medida em que a relação terapêutica vai se desenvolvendo, aos poucos vão surgindo coisas mais complexas, porque é efetivamente um processo e cada um tem o seu próprio tempo pra isso.

Mas terapia não é coisa de “maluco”?

Essa palavra é carregada de estigmas, e eu não vou entrar profundamente nisso agora. Em geral, o que percebo quando escuto isso de alguém é que existe uma resistência com relação à terapia por achar que é como se fosse um atestado de que a pessoa não tem mais poder sobre si mesma, mas é o oposto disso.

Vamos colocar dessa forma: da mesma maneira que você busca um médico pra cuidar de uma dor ou desconforto físicos, você busca um psicólogo pra cuidar de uma dor ou desconforto emocionais. Do mesmo jeito que você faz uma atividade física pra sentir o seu corpo funcionando melhor, você busca a terapia pra se conhecer melhor. Não tem mistério, é simples assim. Você não é um corpo andando sem cabeça por aí; essa separação entre mente e corpo não existe na realidade, eles funcionam de forma integrada e se influenciam o tempo todo. Buscar terapia é se cuidar, é cuidar da sua saúde.

A terapia é um caminhar junto. A(o) terapeuta não aconselha, não te diz o que você deve fazer com a sua vida, não te fala as decisões que você deve tomar. O processo terapêutico existe para facilitar condições pra que você se conheça melhor, se fortaleça, identifique e transforme a sua forma de ver a si e as suas relações, se aproxime de você e encontre as melhores estratégias pra lidar com a sua vida. É transformador, é mobilizador, e também é muito bom.

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